Telhados Verdes: “pequenos pulmões” para nossas grandes cidades


Analisando-se nossos centros urbanos, não é difícil perceber que o verde perdeu espaço para o cinza em suas mais variadas tonalidades, formas e dimensões. A vegetação foi retirada para dar lugar ao desenvolvimento das cidades. Percebe-se que há cinza demais e a falta do verde, dos pássaros e da natureza afeta, mesmo que inconscientemente todos os indivíduos.
Mas como resolver isso? Como amenizar este processo sem ter que começar guerras e batalhas dramáticas que com certeza já nasceriam com os dias contados?
É isso que envolve todo o conceito da sustentabilidade, que tem como objetivo principal harmonizar o modo de vida da sociedade com a saúde do planeta, minimizando os impactos causados pelo uso desordenado dos recursos de maneira a reciclá-los, poupá-los e utilizá-los de forma mais racional.
No âmbito das construções sustentáveis podemos citar diversos recursos que vem sendo criados e utilizados como novas técnicas construtivas. O assunto de nossa coluna de hoje será a utilização e os benefícios do “Telhado Verde”.
Essa técnica já vem sendo utilizada desde a década de 60 na Alemanha. Atualmente a implantação de jardins nos telhados já é relativamente popular na Alemanha, EUA, países Escandinavos, países da Europa e aos poucos vem conquistando a América Latina, o que felizmente inclui o Brasil.
A ideia principal é que os telhados verdes se tornem pequenos pulmões espalhados pelos grandes centros urbanos e que além de equilibrar a temperatura nos ambientes e melhorar a qualidade do ar, os telhados verdes podem acabar tornando-se uma tendência arquitetônica. Atualmente muitos arquitetos já os consideram a “quinta fachada” de uma edificação, uma vez que contribuem arquitetônica e esteticamente com o restante do volume da construção.
São pequenos organismos que podem tornar as grandes cidades mais agradáveis e sustentáveis. Funcionam como corredores que: facilitam a circulação atmosférica, melhoram o microclima, reduzem o consumo de energia, provocam um decréscimo no uso de ar condicionado em regiões de clima quente e isolam o frio em regiões com invernos rigorosos.
Em regiões de chuvas intensas as áreas naturadas (com telhados verdes) podem reter de 15% a 70% do volume das águas pluviais o que previne a ocorrência de enchentes, uma vez que através de estimativas a cada 100m2 de telhado verde implantado, 1400 litros de água deixam de ser eliminados na rede pública municipal.
Outro fator importante é que uma cobertura convencional pode chegar a uma temperatura de 60°C contra 25°C de uma cobertura onde foi implantado o telhado verde. Com a utilização dessa técnica construtiva tem-se também a redução dos efeitos danosos dos raios ultravioletas e do efeito dos ventos. Com a diminuição da amplitude térmica tem-se também a preservação da integridade das superfícies da edificação e de seu sistema de impermeabilização, uma vez que as grandes variações térmicas ao longo do tempo provocam fissuras e rachaduras nos materiais.
Basicamente existem três tipos de telhados verdes: o extensivo, o intensivo e o semi-intensivo. A principal diferença entre eles é o uso que se pretende ter futuramente.
O telhado extensivo é composto de menos material (substrato), tem pouco peso por metro quadrado (Max 120 kg/m2 – molhado), menos espessura no conjunto total (aproximadamente 16 cm), não necessita de manutenção, porém não são adequados para locais onde se pretende grande circulação de pessoas.
O telhado intensivo, também chamado de jardim suspenso, tem mais peso, mais espessura, necessita de manutenção e irrigação, porém pode ser usado como área de lazer e visitação. Sendo que neste são utilizadas plantas de maior porte, caminhos, bancos, fontes, espelhos d´água entre outros elementos de um verdadeiro jardim ou praça de convívio.
Exemplo telhado extensivo – Prefeitura de Chicago
O telhado semi-intensivo reúne as características dos telhados verdes extensivos e intensivos.
Quanto aos custos de implantação, normalmente, o custo do telhado verde se equipara ao custo de uma cobertura convencional, podendo até ser menor dependendo da solução escolhida.
E para finalizar cabe a citação da estudiosa no assunto Sra. Neusiane da Costa Silva “O Telhado Verde é o Sistema Construtivo de Maior Eficiência e Menor Impacto Ambiental”, diz.
Como se pode perceber o assunto é interessante, complexo e extenso, precisaríamos de muito mais espaço para tentar esgotá-lo. Como militante apaixonada e estudiosa dos assuntos da acessibilidade e sustentabilidade, coloco-me a disposição para eventuais dúvidas e questionamentos que forem de meu alcance.
Abraços acessíveis a todos.
Arq. Dani Cenci
Colunista Folha Condomínios
CENCI ARQUITETURA
www.cenciarquitetura.com